E ao chegares


E ao chegares 
contar-me-ás da noite
interminavelmente lenta
e dir-me-ás se adormeceste exausto e exangue da nossa madrugada 
dir-me-ás

esfreguei-te de mim
e  fechei a luz do quarto
despi-te de mim
e do mais
nada te direi porque nada guardei
não ser os olhos fechados à fome da tua voz inútil
vinda do teu corpo silente ciente e ausente na minha escuridāo.

pergunto 
pergunto-me 
como suportas tu carregar-te em gritos
em meio ao meu riso
que absurdo e imenso invento
na esperança de te ver chegar?

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