minha irmā

só minha perene irmā linda e louca e de cabelos negros como uma serpente
que tece a manta de família
me estende a māo me dá a vez e me alumia no deserto do gelo em que nāo sou eu
nem nós nem laços nem estreitos peitos nem gente que se entende no soluço
curto
em que me embala seu canto inaudito de māe que nāo tive e de pai que nāo queria.
minha irmā mulher penedo rocha e riso me guarda do medo imenso e da falta da
saída do dia que encurto esmigalho aperto e qual porta arremessada à revelia
reverbera como cobra d'água signo do espasmo incessante em que já se fazia
menina
e que eu
ainda
agora
mal sei o que seja a nāo ser da alegoria
minha irmā me aguarda entre as paredes de alvenaria velhos vizinhos e coisas de
alegria
mesmo que mais dia menos dia me arremesse contra a porta que bramia.
minha irmā
que nunca se contraria.

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