em poesia

fico-me na ilusāo de um silêncio endemoninhadamente negro
em que as vozes do que jamais serāo meu guia
seguro-me às paredes do quarto antes que a casa caia
irremediavelmente
e a tua cave me engula na imensidāo da morte
onde encontrar-te nāo creio pois que mesmo em vida
te deixei cego horrorizado de ossos mal lambidos
tendōes expostos ao gelo que queima absurdo e branco
e nada mais
que água
pronta
à estúpida Primavera em que viverás incolumemente cego.
cego. cego. pois que tal como temias comi teus olhos e
chupei-os lentamente e cuspi-os
à luz do dia
onde me faço a monstruosa mantis que te agradaria.
Serei assim orgia bacanal ensandecida possuida alagada das gândaras
de sei lá que gente que deveria ser a minha.
Seja assim
ao menos
em
poesia.


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