o olhar

és afinal o ponto de exclamação, as reticências e a polissemia
no teu melhor, como sempre me soia.
o que não me ocorria nem me afagava era a ideia da doçura
afinal nunca vós cozinhastes doces sobremesas pudins
mas sim pratos de elaborados cuidados e paladar invulgar
detalhes que também ocorriam concorrentemente
com teu gosto por minha presença ocasional raiada de vermelho
e negro
que fatal...
o que nunca vi, nem sonhei, nem esqueci - o último dito já do futuro que se anuncia
foi o olhar com que me presenteaste em pleno ao trovão da madrugada.
tal olhar teria sido há venturas idas - e de novo o futuro que se seguiria
mas
agora,,,,
agora é tal
que se me ajoelharam
duas lágrimas gordas
lentas, escuras,
talvez de açaí e de ternura.
agora é tal
que minha voz surda fica um pouco mais enrouquecida e eu soluço numa estranha agonia
quase deleite ainda dolorida.

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