O ser da dor do meu Brasil

O ser da dor do meu Brasil
Que se alastra implacável por sobre a capital soberana
Do tempo perdido
Mentira absoluta
Do tempo que nunca foi, adiado na imensidão de um espaço de formiguinhas
Formigonas, vermelhas, brancas, pretas
Que até as formigas do meu Brasil
Guardam a cor da memória atávica.
Cheia de dedos
Seguro a faca
E qual cirurgiã física dentista por quem sois
Arranco a fistula da dor
Guardo-a em éter num frasco transparente
Aborto do meu ser Brasil
Que nunca foi
E assim nos confudimos num só
descantando um samba na praça
inexplicavelmente

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