salvé

no meio já tenho saudade de tudo
do rio marrom
das caras amarradas
das araras
da chuva da hora.
não posso te levar
no ver-o-peso
onde vendem benzedura
caranguejo
e açai
açai
açai guardiã

não posso te levar
para ver os meninos se beijando na boca
as meninas
nas traseiras das onze janelas
se beijando a toda a hora
não posso tão pouco parar na padaria
não tem como

tenho cheiro de outra coisa
Suriname Portugal Carioca
Qualquer coisa
Já tenho saudade de gente que não sorri à toa
E se confunde no mundo entre a Amazónia e a América
Do Norte
Tão linda
Tão longe

Que ninguém entende nada

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