o silêncio

às vezes o silêncio é só um inferno de vozes
mas aqui
hoje
é o berço do nada
das viúvas esganadas
das meninas estrupradas
à vez
a quietude de
quem espera a bala
a flecha atravessada
pela garganta acesa
de todas as vozes caladas
aqui o silêncio é a capela
da minha casa
perdida nos pesadelos sonhados
onde deitada esperava  José Maria
de Ganso e Gançoso
que vinha na calada da noite
estrangular-me o choro
o silêncio da minha casa
aquietou-se aqui.

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