a tua mesa posta

Sem vento não vieste nem cheiro de ti cheirei
passei à tua beira como se nem minhas noites fosses
mentirosa sorrio com baldes e baldes cheios
dependurados debaixo da minha saia
baldes de palavras aguadas tão ínfimas
que não são mais que lágrimas
carrego baldes de lágrimas em sorrisos
que finjo linda cantando em tom maior
enquanto não vens finjindo não me ver
nem cheirar nem sonhar em tuas noites
na tua cama sem que me possas tocar
fico eu mesa que fui carregada de morangos
em tua boca posta a mesa em tua boca
esperando o vento chegar
entornar os baldes das palavras
das lágrimas chuva por sobre o meio de mim
arbusto carregada
dos morangos
da tua boca
sobre a mesa que sou suspiros de vento
na minha boca a cada morango embebido em mim
a tua mesa posta

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